quinta-feira, 19 de novembro de 2015

A república, os militares e o judiciário



E
mbora a situação que atualmente passa o Brasil seja considerada grave, asseverando que vive um período de intranquilidade política, econômica e social, ainda assim está descartada a possibilidade de os militares assumirem as rédeas da nação. Os anos de ditadura militar (1964-1985) que o país enfrentou, há 30 anos, não é algo que possa ser lembrado como um acontecimento natural e espontâneo, do agrado de todos, no entanto, à época, fora estritamente necessário para reestabelecer a ordem na casa. Para alguns, o tempo que os militares permaneceram no poder talvez tenham se alongado além do previsto, mas compensado para que o país atingisse o grau de maturidade possível e iniciar uma nova fase de desenvolvimento, comparada aos padrões democráticos de outros países, e assim (re)conquistar os seus direitos como a liberdade de imprensa, dos direitos humanos, das eleições diretas, enfim, tornar imperativo a vontade do povo em todos os seus aspectos.
As Forças Armadas reconhecem que já cumpriram o seu papel, e agora estão exclusivamente voltados à ordem institucional do país, deixando a condução política à sociedade civil. Porém, há que se diga, os militares estão atentos diante de fatos, medidas e declarações exacerbadas e sem propósitos, ditas e tomadas por representares do ParTido, entidades e organizações que, inseridos no regime democrático, extrapolam ao caráter do patriotismo, tornados inimigos da civilidade, e a favor da corrupção corporativa que invade os mais importantes setores da sociedade – políticos, financeiros e empresariais.
Nesse 15 de novembro quando se comemorou a Proclamação da República, há   67 anos, a situação do país também espelhava o descontentamento geral, e chegava ao seu final com a intervenção militar. Apesar de independente do domínio português, o país era governado pelo sistema monárquico. Dom Pedro II interferia diretamente nos diversos setores da economia e da sociedade que tinham ideais republicanos, identificados por maior liberdade e participação no desenvolvimento do país. As corrupções na corte eram preocupantes, a imprensa passava por censuras, e os militares integrantes do Exército Brasileiro estavam descontentes com o andar da carruagem dos monarcas. E, assim, com o apoio dos setores progressistas, o Marechal Deodoro da Fonseca declarou o fim do período imperial no Brasil, e passou a ser o primeiro Presidente do Brasil, no Governo Provisório republicano.
Fatos interessantes chamam a atenção quando comparamos as forças militares e a imprensa daquela época com os dias de hoje. Em 1887, anterior à data histórica, o marechal Deodoro foi repreendido pelo governo civil do Império, em episódio conhecido como a “Questão Militar”, por ter permitido que oficiais se manifestassem politicamente, através da imprensa. Recentemente, o general Hamilton Mourão, Chefe do Comando Militar do Sul, foi exonerado por fazer críticas à presidente Dilma Roussef. A “sugestão” partiu do ministro da Defesa, Aldo Rebelo, filiado ao Partido Comunista do Brasil (PC do B) para o comandante do Exército, general Eduardo Villas Boas, que acatou a medida. O general Mourão foi punido por ter afirmado, entre outras divulgado na mídia, que “a vantagem da mudança seria o descarte da incompetência, da má gestão e da corrupção... muitos inimigos internos, mas que eles se enganavam achando que os militares estavam desprevenidos...”, e arrematou: “Eles que venham!”.
Sem fugir do tema, é deplorável as declarações tendenciosas do ministro-presidente do STF, Ricardo Lewandowski, parecendo agir como porta-voz do Planalto.  Eis que, num ambiente politicamente conturbado, não cabe dize-lo que o país pode reviver o pesadelo da ditadura militar, caso se concretize o impeachment da presidente Dilma. O presidente do Supremo também foi infeliz ao tentar pintar as Forças Armadas de ‘bicho papão’, quando, na verdade, os militares nada mais o fez do que jus ao que veio, no cumprimento da Constituição da República. Em desabafo, lembro de quando saia em defesa do Lewandowski da ira do ex-ministro Joaquim Barbosa no julgamento do Mensalão, e penso se arrependimento matasse. 

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