quarta-feira, 4 de março de 2015

A desconstrução

(Publicado no Jornal da Serra, 6/3/2015)
N
ão dá mais para ter a certeza se o que está acontecendo no país é perfídia da civilidade contemporânea, ou se as causas são por egocentrismo de uma política partidária canhestra que confunde os mais politizados e empobrece ainda mais os humildes deste universo de eleitores que lhe deram mais quatro anos de desgoverno.  O que o (e)leitor acha? Neste contexto, confesso que preocupa quando a nossa Presidente, sem corar o rosto, diz que a corrupção na Petrobrás é culpa do FHC, apenas pelo fato de um dos envolvidos na Operação Lavo Jato haver dito que já recebia propina em 1997. Daqui a pouco a culpa recairá sobre Monteiro Lobato, que na campanha nacionalista de 1931, tinha como lema “O petróleo é nosso”.
Não é a primeira vez que a Presidente Dilma Roussef se expõe a dizer “abobrinhas”, como esta sobre a avassaladora corrupção de uma estatal de renome internacional, cuja participação desastrosa se deu quando presidia o Conselho de Administração da companhia.  Preocupante também quando ditos em momentos solenes ou datas comemorativas onde a imagem da Presidente do Brasil, e de um povo, transpassa as fronteiras de outros países. Neste contexto, algumas pérolas ditas pela Dilma serão inesquecíveis e partes vitalícias do anedotário nacional, como: “... sempre que você olha uma criança, há sempre a figura oculta de um cachorro atrás...” (Dia da Criança, out/2014); e a outra: “Paes é o prefeito mais feliz do mundo, que dirige a cidade mais importante do mundo e da galáxia. Por que da galáxia? Porque a galáxia é o Rio de Janeiro. A Via Láctea é fichinha perto da galáxia que o nosso querido Eduardo Paes tem a honra de ser prefeito” (Rio 450 Anos, 1º/3/2015). Não bastava dizer que o Rio representa o maior potencial turístico e esportivo do Mundo com a realização das Olimpíadas de 2016? A verborragia em todos os tons deveria ser uma preocupação nacional. Não seria de estranhar se a Dilma fosse, ao invés do “impeachment”, afastada por problemas de saúde. Motivo: verborréia aguda. 
Nesse diapasão, surgem os problemas de uma gestão de improviso, sem planejamento, como as decisões abruptas para resolver a crise energética, as pautas das seções do Congresso que diante da quantidade e da complexidade dos assuntos acabam não tendo a prioridade e objetividade que merecem, a dimensão do estrago provocado pela Operação Lava Jato, a nova política econômica que para fazer caixa mexem nos direitos do trabalhador, na lucratividade das empresas, e mais tantas outras, o que fazem o futuro parecer visto pelo retrovisor - a uma distancia considerável da realidade que todos desejamos.
A perplexidade também avança, tirando o lugar do progresso então iminente, barrado pela devastação de interesses políticos e privados (Ação Penal 470 - o “Mensalão” e agora a Operação Lava Jato), com o País vivendo um presente que, se não derem certo as medidas impostas para o ajuste fiscal que se pretende, pode voltar à estaca zero (sem perspectivas) e ter de enfrentar um grave período de recessão econômica.
Os debates da mesa redonda, civilizado, deixaram a razão de ser e foi substituído por um mundo particular de “nós”- como se autodenomina o ParTido da Presidente Dilma, e “eles” - o publico externo, ou seja, o povão que “come o pão que o diabo amassou”.
Nesses dois meses da reeleição, vêm à tona os resultados de uma política de governo mal sucedida, principalmente sob a maestria do ex-ministro Mantega (recentemente nomeado para o Conselho de Administração da Petrobrás) e que nos primeiros anos Lula caminhou em céus de anil no embalo do Plano Real do governo FHC, que entregou o governo com índices de inflação aceitáveis, e de um PIB robusto.
Sem o apoio do Congresso, onde reside a Câmara dos Deputados e o Senado, e na iminência de reviver o clima das manifestações de rua como o de junho de 2013, marcados para a próxima semana, agravada agora com a revolta dos caminhoneiros, tem aí uma mistura explosiva que vai aumentar o inferno astral do Governo, e interferir na paz do cidadão que além de tudo vai pagar mais pelo imposto de cada dia.  

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