quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

As crises e o Carnaval

(Publicado no Jornal da Serra, 20/2/2015)

N
este carnaval, por alguns dias apenas, as crises que o país atravessa puderam ser vistas de outra forma. Os foliões transformaram as crises nos seus temas preferidos, e ao som dos batuques se integraram aos blocos de rua que tocaram durante quatro dias e noites por todos os cantos do país. Se para “quem canta os seus males espanta”, os mais comedidos preferiram o retiro para outras bandas, em busca da tranqüilidade e da paz de espírito. 
Mas tem fim para tudo, e das cinzas da quarta-feira brotou de volta a realidade da vida cotidiana, embalada pelas crises de Governo e carência dos recursos hídricos, por coincidências, iniciados na mesma época (a Operação Lava Jato foi deflagrada em 17/3/2014, pela Policia Federal), se agravando mês a mês, com reflexos na economia do país e na qualidade de vida da população.
As crises de Governo e a crise hídrica, que ocupam os noticiários de todos os dias, tem se revelado uma das piores e mais emblemáticas de todos os tempos, dado as suas conseqüências internas, e externamente influindo de formas negativas para a imagem do Brasil junto a outros países que estavam acostumados a uma nação próspera, o berço mundial da água doce, e até então pronta a atingir o estágio do pleno desenvolvimento. 
O atual quadro político, social e econômico do país, acendeu a luz amarela. Apresentando um PIB abaixo das expectativas, a taxa de inflação elevada, a corrupção que se instalou na Petrobras, e os desentendimentos havidos com o partido da base do governo, - PMDB, o mesmo do Vice - Presidente, Michel Temer, é de extrema gravidade a crise que se meteu o PT, tornando cada vez mais difícil de serem revertidas, e que podem se transformar no “impeachment” da Presidente da Republica. Esta semana, pela primeira vez, o mercado financeiro admitiu que o país pode entrar em recessão econômica até o final do ano.
Quanto à crise hídrica, as cidades do interior de Minas que promoveram o Carnaval, de olho na torneira, procuraram ao máximo evitar o desperdício da água, que devido ao longo período de estiagem tem prejudicado em muito a região sudeste do país. Nesse período, algumas prefeituras passaram a usar as águas dos rios para lavar as ruas da cidade.   
A crise hídrica, por sua vez, também contabiliza estes efeitos a problemas estruturais na captação, tratamento e distribuição na rede de encanamentos estourados que fazem perder até 40% da água tratada no percurso até o consumidor final. Os fenômenos metereológicos que não favorecem a precipitação das chuvas nos locais críticos onde estão as nascentes e os reservatórios, componentes das bacias hidrográficas, também contribuem sobremaneira para a seca. 
Nas grandes cidades e metrópoles, ou onde a escassez é mais severa, medidas inovadoras estão sendo adotas. Além da contenção do desperdício, os governos deram inicio à conscientização do reuso da água em todos os segmentos produtivos de empresas e indústrias, bem como a instalação de novos sistemas para o tratamento do esgoto transformando em água potável. A dessalinização da água do mar para o consumo é outra medida extrema a ser adotada.
O Município, como o ente federativo mais próximo da população, acaba tendo relevante importância nas iniciativas dos processos de desenvolvimento local. Os municípios que compõem a ATAM - Associação das Terras Altas da Mantiqueira (Aiuruoca, Alagoa, Itamonte, Itanhandu, Passa Quatro, Pouso Alto, São Sebastião do Rio Verde, e Virginia) têm toda a atenção voltada para as questões de saneamento básico, visando a situação hídrica, onde uma série de planos, programas e projetos encontram-se em adiantados processos de implantação.
Enquanto escrevo este texto começa uma chuva forte, assim como o foi nas tardes deste carnaval. Se continuar até março, quando o verão termina, e a situação da seca se normalizar, o foco estará voltado quase exclusivamente para a crise do Governo. Pior para Dilma.

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