N
|
este carnaval, por alguns dias apenas, as crises que o país
atravessa puderam ser vistas de outra forma. Os foliões transformaram as crises
nos seus temas preferidos, e ao som dos batuques se integraram aos blocos de
rua que tocaram durante quatro dias e noites por todos os cantos do país. Se
para “quem canta os seus males espanta”, os mais comedidos preferiram o retiro
para outras bandas, em busca da tranqüilidade e da paz de espírito.
Mas tem fim para tudo, e das cinzas da quarta-feira brotou
de volta a realidade da vida cotidiana, embalada pelas crises de Governo e carência
dos recursos hídricos, por coincidências, iniciados na mesma época (a Operação
Lava Jato foi deflagrada em 17/3/2014, pela Policia Federal), se agravando mês
a mês, com reflexos na economia do país e na qualidade de vida da população.
As crises de Governo e a crise hídrica, que ocupam os
noticiários de todos os dias, tem se revelado uma das piores e mais
emblemáticas de todos os tempos, dado as suas conseqüências internas, e
externamente influindo de formas negativas para a imagem do Brasil junto a
outros países que estavam acostumados a uma nação próspera, o berço mundial da
água doce, e até então pronta a atingir o estágio do pleno
desenvolvimento.
O atual quadro político, social e econômico do país, acendeu
a luz amarela. Apresentando um PIB abaixo das expectativas, a taxa de inflação
elevada, a corrupção que se instalou na Petrobras, e os desentendimentos
havidos com o partido da base do governo, - PMDB, o mesmo do Vice - Presidente,
Michel Temer, é de extrema gravidade a crise que se meteu o PT, tornando cada
vez mais difícil de serem revertidas, e que podem se transformar no
“impeachment” da Presidente da Republica. Esta semana, pela primeira vez, o mercado
financeiro admitiu que o país pode entrar em recessão econômica até o final do
ano.
Quanto à crise hídrica, as cidades do interior de Minas que
promoveram o Carnaval, de olho na torneira, procuraram ao máximo evitar o
desperdício da água, que devido ao longo período de estiagem tem prejudicado em
muito a região sudeste do país. Nesse período, algumas prefeituras passaram a
usar as águas dos rios para lavar as ruas da cidade.
A crise hídrica, por sua vez, também contabiliza estes
efeitos a problemas estruturais na captação, tratamento e distribuição na rede
de encanamentos estourados que fazem perder até 40% da água tratada no percurso
até o consumidor final. Os fenômenos metereológicos que não favorecem a
precipitação das chuvas nos locais críticos onde estão as nascentes e os
reservatórios, componentes das bacias hidrográficas, também contribuem
sobremaneira para a seca.
Nas grandes cidades e metrópoles, ou onde a escassez é mais
severa, medidas inovadoras estão sendo adotas. Além da contenção do
desperdício, os governos deram inicio à conscientização do reuso da água em
todos os segmentos produtivos de empresas e indústrias, bem como a instalação
de novos sistemas para o tratamento do esgoto transformando em água potável. A
dessalinização da água do mar para o consumo é outra medida extrema a ser
adotada.
O Município, como o ente federativo mais próximo da
população, acaba tendo relevante importância nas iniciativas dos processos de
desenvolvimento local. Os municípios que compõem a ATAM - Associação das Terras
Altas da Mantiqueira (Aiuruoca, Alagoa, Itamonte, Itanhandu, Passa Quatro,
Pouso Alto, São Sebastião do Rio Verde, e Virginia) têm toda a atenção voltada
para as questões de saneamento básico, visando a situação hídrica, onde uma
série de planos, programas e projetos encontram-se em adiantados processos de
implantação.
Enquanto escrevo este texto começa uma chuva forte, assim
como o foi nas tardes deste carnaval. Se continuar até março, quando o verão
termina, e a situação da seca se normalizar, o foco estará voltado quase
exclusivamente para a crise do Governo. Pior para Dilma.
Nenhum comentário:
Postar um comentário