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velocidade com que fatos ligados a corrupção
se sucedem no Brasil, envolvendo o público e o privado, é para nenhum outro
país botar defeito. Nem bem terminou o maior processo político já julgado no
Brasil pelo STF, a Ação Penal 470, e já temos aí em manchete a Operação Lava Jato, coordenada pela
Policia Federal, e que pela primeira vez deu prisão a notórios executivos de importantes
empresas empreiteiras de obras que mantinham contratos milionários com a Petrobrás,
entre elas a OAS, Queiroz Galvão, Camargo Correa, Mendes Junior e outras
tantas, envolvendo cifras que deixa o “Mensalão” na rabeira. O tufão que
invadiu o Planalto neste final do primeiro mandato de Dilma Roussef, e exala o
cheiro do enxofre (elemento presente no petróleo, mas também faz referencias a
algo sinistro) traz uma grande confusão para a Presidente que precisa montar
sua equipe de Governo para 2015, mas corre o risco de indicar um político denunciado
na delação premiada ora em curso pela Justiça Federal, e que pode ter início
já, logo após esta última fase da Operação Lava Jato denominada de Juízo Final.
A
condução na escolha da nova equipe do primeiro e segundo escalão do Governo, dando
prioridade para a indicação de nomes na área econômica, passa a constituir,
junto com a crise na Petrobrás, um fardo pesado para a Presidente Dilma,
levando todos a um bate-cabeças generalizado. Com o envolvimento do próprio
partido da Presidente e da base aliada (PT, PMDB e PP) no escândalo da
Petrobrás, cabe só a ela (dever de casa) desatar este nó, pois, quem pariu
Mateus que o embale.
A
Operação Lava Jato segue avante, intercalando declarações das mais inóspitas dominando
os noticiários, formando opiniões das mais diversas e que mexem com o brio e o
caráter das pessoas. Dentre todas as
declarações, o que mais deixou os ânimos exaltados, no contexto da moralidade,
foram as do criminalista Mario de Oliveira Filho, que defende o suposto
operador do PMDB no esquema de propinas na Petrobrás, dito na porta da Policia
Federal, em Curitiba, base da Operação Lava Jato: “a corrupção faz parte de uma
cultura enraizada no País... não se coloca um paralelepípedo no chão sem
propina”. A frase tida como uma maneira
de ver a corrupção, se não como uma coisa normal, mas algo como “esta é a dura
realidade, e ponto final”, definitivamente não convence a maioria que se preza
e que prefere ganhar o seu de forma equilibrada e por competência. A opinião
inconveniente do causídico e que leva ao extremo a tática de defesa na
tentativa de salvar o seu cliente da cadeia, parece não levar em conta as
verdadeiras dimensões do fenômeno lesa pátria, desconsiderando que a população
foi saqueada, que o digam aqueles acionistas minoritários que investiram parte
de seu FGTS na Petrobrás, praticados por executivos das empreiteiras que por
sua vez acusam os dirigentes da estatal e seus intermediários doleiros e
lobistas de chantagem, extorsão e outros meios para o fechamento de contratos
de obras milionárias com a Petrobrás.
Esta falácia
de projetar uma idéia de que somos todos suspeitos e que na primeira
oportunidade vamos dar o golpe, é deplorável. Pode-se ate haver duvidas quanto
o caráter, mas não permite presumir que o resultado seja invariavelmente o
errático. Como o estouro da boiada, quando todos correm para uma direção única,
sem controle e consciência do seu movimento, neste aspecto o ser humano se
difere, mesmo quando tende agir por impulso da emoção, pois, racional por
essência divina, pode inteligentemente redirecionar os procedimentos pelo
sentido da razão.
A
corrupção decorrente de 12 anos de desgoverno petista, que assombram pelo nível
da classe política e empresarial envolvida, e pelas cifras que os cofres
escondem, não dá o direito os casuísticos do ramo, tampouco ao atual ministro da
Justiça, José Eduardo Cardoso, de cometer injustiças ao dizer que a “corrupção
é cultural no Brasil” (Jornal O Estado de São Paulo, 22/11), e de pré-julgar a
população, culpando-a por excessiva tolerância, responsabilizando-a por eleger
sem critérios seus representantes. Como se tivéssemos a bola de cristal.
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