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uando Eduardo Campos, candidato
a Presidente da Republica, terminou a entrevista pela Rede Globo de Televisão,
na véspera de sua morte, não tinha dúvidas de que havia assistido o melhor
desempenho entre os presidenciáveis, alguns ainda a serem entrevistados. Poder expressar
minha opinião a seu respeito antes do acidente aéreo deixou aliviado de cometer
alguma injustiça. O presidenciável encerrou um ciclo político promissor.
Confiante e de semblante jovial, nem um pouco lembrava o do seu avô Miguel
Arraes, de aparência rústica, e por duas vezes eleito governador de Pernambuco,
também morto num 13 de agosto. Tivesse o
Estado de Pernambuco a densidade eleitoral e a representatividade econômica
mais próxima do patamar de outros Estados como São Paulo, Rio de Janeiro, ou
Minas Gerais, por exemplo, muito provavelmente os números das pesquisas seriam outros,
e Eduardo com Aécio Neves já estariam de fato incomodando a candidata Dilma Roussef com a certeza da realização do segundo turno nestas eleições
de 2014. Sob o duro questionamento do
entrevistador Willian Boner, do Jornal Nacional, durante os quinze minutos de
perguntas e de respostas o presidenciável não titubeou, e, no final, olhos
azuis focados nos eleitores, passou sua última mensagem: “Não vamos desistir do
Brasil”. Certas vezes nos sentimos privados do convívio
daqueles que acostumamos a admirar, e nos tornamos assim como órfãos políticos,
sejam num clima de grandes embates que são interrompidos pela força dos votos
contrários, sejam pelas formas trágicas como são impedidas essas realizações. Na Praça da Sé, em 1984, também era enorme a
vontade popular por mudanças com o fim das eleições indiretas. Vestindo a
camisa (literalmente), de frente fotografei Tancredo Neves sob um guarda-chuva
subindo os degraus rumo ao palanque de discurso naquela noite das “Diretas já”,
que não vingou naquele ano, mas que marcou o inicio de uma era política com
democracia. Eduardo Campos deixa o legado de um plano de governo inovador, elaborado
com a extraordinária aliança que fez com Marina Silva, ambientalista, como um
sinal de que é possível o progresso com
desenvolvimento sustentável, por hora
uma bandeira hasteada a meio
pau. Nunca vamos saber como seria o
Brasil se Eduardo fosse eleito, mas sempre há esperanças quando é notável o
desejo de melhorar a qualidade do país. Ouvir quem fundamenta com clareza as
suas ideias, e torna-la exequível faz bem aos ouvidos, pois nesse sentido evoluem
nossas preferências pelos futuros dirigentes do Brasil, tornando o cotidiano
mais palatável aos projetos de vida do cidadão.
Na edição passada deste
Jornal (“Eleições, Copa e análise de risco”), escrevi que os postulantes ao
mais alto cargo do País estavam ainda nos devendo como serão desatado estes nós
que amarram a economia e emperram o ciclo do desenvolvimento do país e a
prosperidade do cidadão; que não basta apenas tocar nos problemas, pois são
públicos e notórios. Eduardo Campos,
frente às câmeras da Rede Globo de Televisão, em sua ultima aparição como
candidato a Presidente, foi incisivo nas suas propostas, claro e objetivo ao
explicar o seu plano de governo, levando consigo o sentimento do dever
cumprido. Com o trágico acontecimento, molda-se um cenário que nas adversidades
os elementos se somam, não subtraem, e com Marina Silva candidata no lugar de
Eduardo configura-se a certeza do segundo turno. No embalo das coligações
futuras surge a oportunidade de um modelo inovador político para o país.
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