sexta-feira, 22 de agosto de 2014

Eleições, Copa e análise de risco


N
enhum analista do setor econômico e financeiro hoje acredita que poderá haver melhora da qualidade de vida da população, a curto e a médio prazo, se permanecer o atual quadro da conjuntura política, econômica e fiscal do País. As medidas tomadas nos últimos meses pela equipe governamental são contraditórias, simplistas e insuficientes para conter o avanço da inflação. Uma ingenuidade, por exemplo, zerar o IPI para a compra de carros novos, numa tentativa de alavancar a indústria automobilística, esquecendo-se que não há tantos novos compradores de automóveis e outros bens duráveis, pois, quem já comprou seu carro zero ou a geladeira há menos de um ano, deve mantê-los pelo menos nos próximos três anos ou mais. As demissões e suspensões de contratos de trabalho de milhares de trabalhadores das indústrias são as provas disso. Diante da falta de emprego que aumenta a cada dia, e por causa da inflação,  o consumidor quer mais é dar conta do orçamento doméstico e sair da inadimplência das compras assumidas em época do financiamento a perder de vista e dos juros altos, estimulados pelo Governo.
A Copa do Mundo, independente dos placares (inesquecíveis sete a um), historicamente nunca influíram nos resultados das eleições, no caso, a favor ou contra os políticos que estavam no poder nas épocas que coincidiram os dois eventos. Os custos financeiros da Copa, estes sim, deverão influir negativamente na vida do brasileiro no tocante a falta de infraestrutura nas áreas de transporte, segurança, saúde, educação, moradia, e por aí vai. Quem não se lembra das manifestações de rua e dos cartazes que diziam: “Queremos qualidade de vida Padrão FIFA!” Sem contar que o reflexo da baixa produção da indústria hoje se deve ao esfriamento de grande parte do comercio que fechou suas portas durante os horários dos jogos. Segundo dados da Federação do Comercio do Estado de São Paulo, no mês de julho, 31,8% dos empresários acumularam estoques acima do ritmo de vendas. Sob o ponto de vista do PIB – Produto Interno Bruto, um “pibinho”, dificilmente apresentará até o final do ano um resultado acima de 1%, - o pior entre os países latinos americanos.
As eleições deste ano tanto estão preocupando o mercado econômico e financeiro que,  recentemente, uma equipe de analistas do Banco Santander surpreendeu a todos  ao emitir um informe que foi distribuído aos clientes, cujo texto apontava para o risco de deterioração da economia, com queda da Bolsa de Valores, alta de juros e desvalorização cambial, caso a presidente Dilma Roussef se estabilizasse  na liderança das pesquisas de intenção de voto. O comunicado incomodou a campanha à reeleição e levou a instituição financeira a se retratar publicamente. A equipe de analistas do Banco foi demitida por ferir as normas da instituição.
O desafio de criar uma política econômica favorável aos empresários e evitar a estagnação industrial, injetando mais confiança ao setor, está cada vez mais impossível para o Governo neste curto tempo para as eleições presidenciais.
Por outro lado, os demais postulantes ao mais alto cargo do País, deveriam ocupar este espaço com seriedade e transmitir aos eleitores esta confiança que falta. É necessário mais qualidade aos debates pela televisão e outros meios de comunicação, e serem potencialmente incisivos nas suas propostas, deixar de generalidades e explicitar como vai funcionar o modelo de gestão e os programas de governo, da forma mais clara e objetiva possível, sem devaneios. Apenas tocar nos problemas não é o suficiente, pois são públicos e notórios. Estão ainda nos devendo como serão desatados estes nós que amarram a economia e emperram o ciclo do desenvolvimento e a prosperidade do cidadão que paga seus impostos, aliás, um dos mais exorbitantes do mundo. 

Nenhum comentário: