sexta-feira, 19 de junho de 2015

Procura-se um bom partido

D
e súbito, o titulo pode parecer um desses anúncios de classificados amorosos, do tipo em busca de um par perfeito, ou algo como o desejo de encontrar a sua cara-metade, mas não é nada disso. O texto que segue se refere à procura de um bom partido político. Em um ano de pré-eleição municipal, os dados do TSE indicam que a população está descrente em relação aos partidos políticos. É o mais baixo índice de filiação partidária nesse período. Em 2011, por exemplo, houve 1,9 milhão de novas filiações, - numero dez vezes maior que o ano anterior. Em 2015, até agora foram apenas 77 mil novas filiações, que nesse ritmo até dezembro poderá chegar com cerca de 620 mil novos filiados, apenas, o que representará a menor mobilização de filiação pré-eleição municipal em toda a série histórica desde a redemocratização do país.
Pesquisa do Ibope no começo deste ano mostrou que dois em cada três brasileiros não têm simpatia por nenhum partido. Essa taxa ultrapassa o ano das manifestações de rua, em 2013, quando o cenário político nacional  estava de mal a pior.  O brasileiro encontra-se num estagio onde as medidas políticas adotadas pelo Governo no campo econômico e social não mais convencem, e o pessimismo é geral em relação ao futuro do país – metade se considera assim segundo outra pesquisa do Ibope realizada em maio, superando a época da hiperinflação no governo Collor. Outros fatores influem nesses resultados, como o relacionamento entre o Governo, a Câmara e o Senado, que  estão estremecidos diante das reformas, dos ajustes econômicos e fiscais, e outros temas polêmicos como a diminuição dos direitos trabalhistas para o empregado, do tempo para a aposentadoria, na definição da maioridade penal para os crimes, e por aí vai. “Há uma crise geral de legitimidade das instituições. A sociedade e o eleitor não se reconhecem mais no sistema partidário”, avalia o cientista político Aldo Fornazieri, diretor da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo.
Em meio a tudo isso, há os partidos em que ganham menos ou perdem mais militantes. É o caso do PSDB e PSOL que por fazerem maior oposição ao governo ganham mais militantes; o PT perde.  
Os tucanos foram os que registraram o maior numero de filiados em 2015 até a metade de abril, com 15 mil novos registros. Já o PSOL foi o segundo em numero de filiações neste ano, com 11 mil filiações. O Partido dos Trabalhadores – PT, segundo dados mais recentes desta semana da Justiça Eleitoral, mostram que oficialmente houve 6,2 mil mais desfiliações que filiações no partido de janeiro a metade de abril deste ano, “... anúncio de que, pela primeira vez, o PT pode reduzir o numero de prefeituras que comanda”, segundo o cientista político Vitor Marchetti, doutor em Ciências Sociais pela PUC-SP.
O município como o ente federativo mais próximo da população e assegurado a sua autonomia política e administrativa na Constituição de 1988, com toda esta pompa, não tem poder de aprovação e veto do que é tratado em Brasília. Entre nós (eleitores) e eles (nossos “representantes”) uma barreira colossal nos separa, impedindo que a vontade do cidadão se concretize de fato. A discussão do “ajuste” que está rolando é nada mais de como tomar do país para dar ao Governo que sem planejamento faz o que bem entender. Há poucos dias, no V Congresso Nacional do PT, a "companheirada" sacou a “Carta de Salvador” (que de salvador só tem a capital da Bahia), e levantou a bandeira com o seguintes dizeres:  "Um partido para tempos de guerra", mas que também só faz sentido na cabeça dos seguidores do Stédile - o revolucionário dos "sem terra". Nesse torvelinho o PSDB não fica atrás, - o fiel depositário de metade das esperanças da Nação e tido como “oposição”, simplesmente "não levanta uma palha” em sinal de protesto.  
Para encerrar, a desgovernança do PT atinge o ápice da incompetência ao ter as contas do Governo reprovada pelo Tribunal de Contas da União – TCU, e dessa forma se consolidando como o partido mais repudiado desde 1979, quando se extinguiu o bipartidarismo (ARENA e MDB) e se restabeleceu a liberdade partidária no país.  

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