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ão errei por pouco, mas por muito, quando escrevi nesta
coluna que a estiagem que enfrentamos é a mais severa dos últimos vinte anos. Na
verdade são oitenta anos. Poderia alegar que o erro foi proposital para chamar
a atenção do leitor para a dimensão do problema, mas prefiro as desculpas –
“errar é humano”. O mais importante é externar a preocupação por se tratar da
estiagem mais intensa das que já enfrentamos até hoje, afetando seriamente a
disponibilidade deste elemento de suma importância para a nossa sobrevivência.
E a mídia, que de uns tempos para cá, parecia dar pouca
importância para os fatos, noticiando de maneira esparsa e nas páginas internas
dos jornais, passou novamente a dar o merecido destaque ao problema. A gestão
da água é o tema de uma série de reportagens que o Jornal Nacional começou a
apresentar nessa segunda-feira (13). As cenas apresentaram propriedades rurais
onde existem dezenas de nascentes: pontos em que a água aflora do subsolo,
formando um fluxo constante, que servem a agricultura e as residências no
campo, e forma um ribeirão que serve de afluente para o Rio das Velhas que abastece
a Região Metropolitana de Belo Horizonte.
A crise hídrica na região Sudeste que começou no final de
2013, atingindo a cheio, ou melhor, no vazio, a maior capital do país – São
Paulo, gerado pela má gestão dos recursos hídricos, obrigou um volume de
soluções para resolver no afogadilho o desespero da população que passou a
economizar a água desde a barba da manhã até o banho do corpo suado à noite, do
aproveitamento da água da chuva como reserva, e da corrida às lojas para
comprar mais caixas d’água.
Se inicialmente os políticos, as autoridades e os técnicos, responsáveis
pela gestão (ineficiente) dos recursos hídricos, procuraram administrar a
crescente falta da água com medidas corretivas para mitigar o resultado do caos,
agora, neste Outono, tudo indica que as atenções estarão voltadas para a adoção
de medidas preventivas, com ações voltadas para a origem das causas, ou seja,
para a proteção das nascentes que formam os mananciais e abastecem os
reservatórios. O período real da estiagem que se inicia agora nesta estação
do ano dá uma idéia do drama que seria passar novamente por um período de seca,
sem uma reserva da água garantida para o abastecimento diário da população,
principalmente das grandes metrópoles, como São Paulo, Rio de Janeiro e Belo
Horizonte, - os mais castigados.
O governo paulista decidiu (14/4) investir R$ 3 milhões no
projeto de PSA – Pagamento por Serviços Ambientais, destinados a proteção de
nascentes na área rural do município de Hortolândia, o primeiro a ser
beneficiado no Estado de São Paulo. A discussão sobre o tema envolve também a Assembléia
Legislativa de Minas Gerais (9/4), que prepara para o segundo semestre um
seminário em parceria com órgãos, entidades e instituições ambientais, para
discutir as questões relativas a tecnologias de irrigação e barragens para o
maior aproveitamento da água no meio rural. Na área do governo federal, a Agência
Nacional de Águas - ANA, promoveu (17/3), em Brasília, o Seminário Programa
Produtor de Água / PSA, reunindo representantes de 38 projetos que estão em andamento,
com 187 participantes entre técnicos, prefeitos, e secretários do Meio
Ambientes, entre estes o Município de Itanhandu – MG.
Um absurdo seria considerar estas iniciativas de primeira
grandeza, que evidentemente deveriam ter sido implementadas antes da crise, de
forma naturalmente planejada. A cada dia passamos a reconhecer e entender o
homem como um ser limitado e deliberadamente incapaz de prever o previsível.
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