quarta-feira, 2 de outubro de 2013

No Dia do Idoso não há muito a comemorar

Os dilemas da aposentadoria começam com o ‘fator previdenciário'  instituído pelo Governo, que alega que o cidadão quanto mais se vive, por mais tempo se recebe o beneficio, o que aumenta os gastos com a previdência social. Assim, o que se recebe como salário quando se está em plena atividade diminui drasticamente quando se aposenta. E quando o assunto é previdência privada para a aposentadoria ou saúde, discutem-se desde a idade e o período mínimo para o ingresso nos planos, até a carência e os tipos de atendimento médico e de internação hospitalar. Este é o quadro. 
Nas últimas quatro décadas, a expectativa de vida no Brasil saltou de 53,4 para 73,4 anos – e as pessoas não apenas vivem mais, como também muitas delas chegam à velhice com mais saúde e disposição. De acordo com o último censo do IBGE, 12% da população tem, hoje, mais de 60 anos, e se as tendências forem mantidas, 30% dos brasileiros estarão nessa faixa etária em 2050.
São insignificantes as providencias tomadas pelos governos no sentido de melhorar a qualidade de vida do Idoso, - o mais carente representa a maior parcela da população. A Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), nesse dia, 1º de outubro, realizou o Ciclo de Debates 10 Anos do Estatuto do Idoso – avanços e desafios para o envelhecimento digno, para tratar dos marcos regulatórios e das medidas que podem ser tomadas para melhorar a qualidade de vida de um número cada vez maior de pessoas idosas. O evento é uma das iniciativas do Movimento Idade com Qualidade, lançado pela ALMG em junho deste ano.

Do ponto de vista individual, é essencial que a pessoa mantenha uma boa rede de contatos e buscar capacitação para manter-se sempre ativa. As pessoas que estão chegando aos 60 anos têm muita saúde, e ficar em casa sem realizar nenhuma atividade é um castigo. Uma alternativa seria o trabalho de voluntariado, se possível dentro de sua especialidade, sem remuneração, ou, talvez com uma ajuda de custos. Para o atual modelo de aposentadoria, considerado insustentável pelos atuais dirigentes governamentais, cabem também às cidades a responsabilidade de se reinventarem, criando condições do Idoso se sentirem úteis. 

A aposentadoria foi criada no século 19 por Bismarck [ex-chanceler alemão Otto Von Bismarck], quando a expectativa de vida era de 46 anos. Poucos chegavam aos 60 e, quando chegavam, tinham inúmeros problemas de saúde. Naquela época, segundo ele, era melhor pagar um valor pequeno para que essas pessoas ficassem em casa do que mantê-las trabalhando com rendimento baixíssimo e salário integral. Segundo Kalache, especialista da ONU, e ex-diretor da OMS – Organização Mundial da Saúde, em questões de estudos sobre o tema: “Cento e trinta anos depois, continuamos fazendo a mesma coisa. Ganhamos décadas na expectativa de vida e ninguém mexeu na previdência - isso é insustentável”, diz. A ex-presidente do Conselho Nacional do Idoso, Karla Giacomin, lembra, ainda, que a dependência financeira aumenta com o avançar da idade e, apesar disso, os reajustes da aposentadoria têm sido vetados nos últimos anos. “Com 80 anos, você precisa de mais dinheiro do que precisava com 60 – mas é quando menos se tem renda”, lamenta.


Investimento no idoso começa na infância.  “O idoso de hoje é a criança e o adulto que tiveram, ontem, seus direitos desrespeitados. O problema começa muito antes dos 60 anos”, diz Karla Giacomin. Para ela, chega-se à maturidade com a saúde comprometida porque não foram oferecidos os cuidados necessários antes. Para Alexandre Kalache, o mesmo pode ser dito em relação à educação: “Se a pessoa nunca teve acesso à educação, vai chegar à velhice com poucas opções para se manter ativo”. Os especialistas concordam também que a luta pela melhoria da qualidade de vida para os idosos deve envolver toda a sociedade. “Os jovens precisam lutar pelos direitos dos idosos hoje, para garantir que terão direitos daqui 30 anos”, diz Giacomin. Para eles, o que dificulta a luta por esses direitos é o preconceito, que impede as pessoas de pensar que, um dia, também irão envelhecer e precisarão, por exemplo, de uma cidade mais acessível. “Temos que lutar contra essa fobia contra o envelhecimento, que é muito forte em um país que valoriza a figura do jovem e belo”, afirma Kalache. As cidades devem contribuir para a melhoria da qualidade de vida dos Idosos. A realização de encontros, seminários promovem a autoestima. “A chave para envelhecer bem é o autoconhecimento”, diz um especialista. 

No Sul de Minas, onde cidades como Passa Quatro estão revitalizando as praças públicas com a reforma de jardins, fontes e a plantação de arvores, poderiam construir quiosques e criar espaços de lazer e academia ao ar livre, com a instalação de equipamentos para os Idosos. Aliás, reivindicações estas que vêm desde as administrações anteriores.

Um comentário:

Cláudio José Gontijo disse...

Celso

Sou um Professor de Biologia, aposentado, divulgando aleatoriamente um blog ambientalista com fins educacionais. Se puder, ajude-me a divulgá-lo. Não tenho qualquer outra pretensão fora da educação ambiental.

VER DE VIDA www.verevida.blogspot.com.br

Parabéns pela sua postura. Que a sua jornada seja iluminada.

Cláudio.