sexta-feira, 28 de agosto de 2015

A novela do impeachment

(Publicado no Jornal da Serra, 28/8/2015)

N
ão é novidade nenhuma que a maioria dos brasileiros apoiam o impeachment da Presidente Dilma, atingindo 63% segundo pesquisa inédita do Ibope. Entretanto, chamam a atenção os motivos apontados pelos entrevistados, que pela Constituição não dariam base para o acontecimento do fato. A situação econômica do Brasil é apontada na pesquisa com um alto índice de 31%, que julgam a inflação, os juros e o desemprego como sendo fatores que exercem grande influência na qualidade de vida dos brasileiros.
O resultado disto são a diminuição do poder aquisitivo, o alto índice de inadimplência, queda nas exportações e importação de produtos pelas indústrias, mas que embora bem sinalizados, o fato é que não faz parte do texto constitucional que favoreçam a possibilidade do impeachment.
Outros 27% disseram que é a má administração, ou seja, a incompetência do Governo, hoje contendo 39 ministérios - que além de numericamente desproporcional às reais necessidades do país, os seus ocupantes não demonstram serem capazes de administrar de forma eficiente estas pastas, já que na composição dos quadros são mais valorizados o perfil político ao invés do técnico. Motivos estes também insuficientes para desbancar a “gerentona” do mais alto cargo da nação.
O restante dos pesquisados apontam motivos como desejando o impeachment por estarem insatisfeitos com o resultado da eleição; simplesmente não gostam da Dilma; ou não sabem dizer o porquê.
Há também os que revelam um sentimento de traição:  mentiu na campanha eleitoral sobre a situação econômica do país; reduziu os benefícios trabalhistas; promete e não cumpre.
Das respostas dos entrevistados no Ibope, o quarto grupo de entrevistados são os que mais se aproximam de respostas mais concretas para o impeachment citando a corrupção no governo, onde falam especificamente da Operação Lava Jato que foca os desvios de verbas na Petrobrás, e se referem ao envolvimento pessoal de Dilma com a corrupção.
No resumo geral da pesquisa, na verdade, nenhum desses motivos podem gerar o impeachment da Presidente. Neste momento o PSDB – partido do FHC e Aécio Neves, estão sendo pressionados pelos demais partidos a assumir a bandeira do impeachment, antes que a Dilma tome folego devido o apoio recente do Presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB), e o enfraquecimento do Presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB), que tem se pautado contra a Dilma, porém, está sendo acusado pela Procuradoria Geral da República por estar integrado na Operação Lava Jato.
O termômetro para esta iniciativa de tirar já a Presidente são também as manifestações de rua do 16 de  Agosto que bradou o “fora Dilma” em todas as capitais e grandes cidades do país,  e de que seria um erro esperar os julgamentos do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e do Tribunal de Contas da União (TCU), sobre processos que podem levar a cassação, através da apuração de irregularidades por abuso de poder político na campanha para Presidente, e as “pedaladas fiscais” promovidas pelo ex-ministro da Fazenda, Guido Mantega, envolvendo importantes órgãos do Governo como o BNDS – Banco Nacional de Desenvolvimento Social.
Até poucos dias, ainda achava que a Dilma merecia o castigo de ficar para descascar o abacaxi que plantou, pois pouco poderia fazer o seu sucessor senão dar continuidade as mesmas medidas fiscais que estão sendo adotadas. Porém, o fato de que algumas medidas tomadas por Dilma não estão seguindo a receita, e os riscos de ver aprovadas as PEC – Proposta de Emenda Constitucional, e MP – Medidas Provisórias, de puro interesse dos “petralhas”, fez desencadear a ideia de que a cassação é inevitável.
Uma coisa é certa, seja qual for o resultado, apenas uma minoria da população saberá distinguir a motivação que levou o final da novela. 

sábado, 1 de agosto de 2015

Orientação sexual nas escolas!

(Publicado no Jornal da Serra, 14/8/2015)

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evanta a mão quem participou das reuniões com os professores nas Escolas e Câmara de Vereadores de suas cidades para discutir a ‘ideologia de gêneros” como matéria em sala de aulas? A Lei 13.005, de 25 de junho de 2014, do Plano Nacional de Educação – PNE, e que estipulou para os Estados e Municípios elaborarem os próprios planos para os próximos dez anos, encerraram em 24 de junho. O cumprimento do prazo é condição para recebimento de recursos da União via Plano de Ações Articuladas (PAR) – responsável por grande parte dos repasses do governo federal na área.   
O tema provocou intenso debate público envolvendo os pais, professores, políticos e igrejas em todo o país, e a maioria foram contra a inclusão do termo “ideologia de gênero”, enquanto “outros segmentos” o exigiam, entre outros pretextos, o de evitar a exclusão e evasão escolar e garantir o direito a educação para todos, como meta nos planos estaduais e municipais.
Com isto a Frente Parlamentar Mista em Defesa da Família e Apoio à Vida – senador Magno Malta (PR), a Frente Parlamentar Evangélica – João Campos (PSDB), e a Frente Parlamentar Católica Apostólica Romana – Givaldo Carimbão (PROS), se uniram para evitar o que seria um desastre a inclusão do tema no texto final do projeto que nortearia a educação básica dos Municípios para a próxima década
Esses supostos especialistas (ou sexólogos) da educação sobre a “ideologia de gênero” afirmam que o homem e a mulher não diferem pelo sexo mas pelo gênero, dessa forma descaracterizando a base biológica do ser humano, e estabelecendo que sua construção (genética) se dá em função do meio social em que vivem. Ou seja, contrariando totalmente a lógica, acham que os humanos embora nascidos homens e mulheres não pertencem necessariamente aos sexos masculino e feminino. E vão além, quando afirmam que o tipo de orientação a ser implementada é um avanço importante para que o indivíduo (crianças e adolescentes) venha a aceitar “naturalmente” as (dis)funções do sexo como uma libertação para uma nova vida em sociedade.
Dom Orani Tempesta, cardeal do Rio de Janeiro fez um alerta sobre as consequências da implantação da terminologia “gênero”: “quem se julgar livre para defender os valores naturais e cristãos pode ser duramente perseguido, moral e fisicamente, como já se faz, ainda que um tanto veladamente, em não poucos países”. Confira o artigo na integra: blog.opovo.com.br.
Mas, por que falar de gênero? De acordo com a coordenadora da Rede de Gênero e Educação em Sexualidade (Reges), Syllvia Cavasin, “a escola é um campo fértil para identificação das questões que envolvem a opressão, os preconceitos, a homofobia, o sexismo, o racismo e outras iniquidades”. (?)
A sociedade deve continuar atenta, pois, os segmentos favoráveis ao tema tem um “plano B” para a disseminação da igualdade de gênero nas salas de aula, mesmo sendo minoria os Estados e Municípios que aprovaram a inclusão do termo no Ensino.
Recentemente, no município de Canoas (RS), onde o termo foi suprimido do PME, uma professora pertencente ao quadro da Escola Municipal de Ensino Fundamental Ícaro, denunciou o surgimento de um aplicativo que a Prefeitura lançou em parceria com a Coordenadoria de Diversidade - “Canoas Diversidade” contendo o termo “gênero”, e da realização de palestras ministradas por membros do Movimento LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Transgêneros). A professora perdeu o emprego por contestar a situação com a Direção, mesmo depois que chegou ao conhecimento da Secretaria da Educação.
Não se admite que uma questão vital para a personalidade em formação dos pequenos seja discutida no coletivo das salas de aulas, transformando “as escolas em fabricas de pessoas versáteis sexualmente”, mas que sejam compreendidas tão somente no âmbito da Família.