quinta-feira, 15 de maio de 2014

TAV engavetado





D
urante algum tempo se alimentou a expectativa de que assistir aos jogos da Copa de 2014 ou às Olimpíadas de 2016, em São Paulo e Rio de Janeiro, seria um pulo para quem mora no Sul de Minas. Porém, ficou só no papel a construção do TAV – Trem de Alta Velocidade, - um projeto ousado e idealizado pelo governo do PT, que ligaria São Paulo ao Rio de Janeiro a uma velocidade de até 350 km, em apenas 1 hora e 33 minutos O percurso de 511 km atravessaria 38 cidades entre os dois Estados.  
A região do Sul de Minas geograficamente localizada nas divisas entre São Paulo e Rio de Janeiro, permitiria aos passageiros o acesso fácil às estações de embarque e desembarque não apenas rumo aos Jogos, mas, daí em diante  para quaisquer outras finalidades como lazer e negócios. Conforme previsto no projeto, o traçado poderia incluir até oito estações para a parada do TAV em todo o percurso, sendo duas delas disputadas pelas seguintes cidades: do lado paulista - Aparecida, Guaratinguetá e Potim, e do lado carioca - Resende, Barra Mansa e Volta Redonda. Quais fossem as localidades escolhidas, a região de Minas seria beneficiada, e assim permitir o deslocamento do usuário da sua cidade de origem utilizando as rodovias estaduais por Passa Quatro ou Itamonte, e em poucas horas chegar às estações de embarque do TAV.
O prazo sempre foi questionado, esbarrando numa questão histórica, pois, nunca em todo o mundo, levando em conta os projetos de trens-bala, foi construído algo parecido em menos de cinco anos e meio. Os ambientalistas eram outra preocupação, que devido ao impacto ambiental exigiriam o cumprimento de medidas mitigadoras e compensatórias do empreendimento, cujas discussões poderiam alongar ainda mais o inicio das obras. A composição do grupo para gerir o empreendimento seria outra complicação, de ordem econômica e de gestão. Havia preocupações quanto a custos, sistemas operacionais, e até o tipo de rodeiro, - num comparativo entre as tecnologias Mag-Leve (suporte magnético) e roda-trilho, e se optaria pelo primeiro como o sistema mais avançado e extremamente adaptável ao traçado do projeto. Grupos japoneses, alemães, franceses, espanhóis, coreanos, italianos e chineses demonstraram interesse em participar da licitação do TAV brasileiro, cujo edital não chegou a ser publicado.   
Recentemente, o ministro do Transporte, Cesar Borges disse que provavelmente é um assunto para o próximo governo. Durante esse tempo o governo acolheu propostas dos interessados e divulgou o interesse dos bancos em financiar o projeto, mas suspendeu a concorrência ao ser informado que apenas os franceses apresentariam uma proposta. Os demais possíveis concorrentes alegavam que a taxa de retorno do empreendimento não compensaria o risco do projeto, que é elevado, e que a única forma de tirar do papel seria o governo se responsabilizar pelo projeto executivo de engenharia, - cerca de R$ 1 bilhão.
Mesmo levando em conta a demanda crescente do fluxo de passageiros no eixo Rio – São Paulo, e o que representa positivamente para o desenvolvimento econômico e sócio cultural, para alguns analistas o TGV não é considerada uma prioridade.  Atualmente os investimentos na área de transportes não têm sido devidamente direcionados para projetos de melhorias na infraestrutura das estradas de rodagem e de ferrovias. O transporte e embarque de produtos agrícolas por navios, como a soja (o Brasil é o maior produtor mundial), por exemplo, não tem obtido resultados positivos. O  escoamento das áreas de cultivo é prejudicado pelas péssimas condições das estradas, aumentando o valor do frete e no preço final do produto, tornando o país menos competitivo em relação a outros países exportadores que têm a malha de transportes mais eficientes.





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