segunda-feira, 17 de junho de 2013

Sobre as Manifestações Populares e o Processo de Transição

por Filipe Freitas
Publicado em http://autopoeta.wordpress.com


Este texto começa a ser escrito ao constatar que estamos diante de uma força de supressão ordenada pelo Estado para contar as manifestações populares neste inverno de 2013.

Atos recorrentes de opressão à liberdade de expressão violam a constituição e afrontam a democracia e expõem a discrepância insana entre governo e sociedade, o primeiro a serviço de forças políticas e econômicas que representam 1% da população.

Penso que esta repressão violenta parece oriunda de um medo estrutural crescente que o governo e quem está por trás dele estão sentindo. Em algum lugar, já perceberam que a configuração em rede é soberana e esta se faz uma grande ameaça aos seus mecanismos de manipulação e controle.

Nutro uma convicção de que o fluxo dessa rede consciente emergente é inexorável e mais cedo ou mais tarde um novo paradigma integrador vai prevalecer e dissipará essa estrutura dominadora que parece parasitar o corpo da sociedade e o planeta Terra como um todo.

No que se amplia a consciência da grande rede planetária da qual somos parte, proporcionalmente emerge e se fortalece o sentimento de confiança em nossas potencialidades para superar, efetivamente, o poder mórbido desta pequena elite e determinar novos estilos de vida sadios, caracterizados por equilíbrio e bem-estar.

O levante popular que está em curso vem revolver uma paisagem sedimentada na inércia, fruto do processo de amansamento por que passou o povo brasileiro por séculos.

Estamos nos colocando em movimento e o caminho é longo, bastante longo. Não serão dias, nem meses, mas anos, décadas de trabalho. Que tenhamos este planejamento estratégico de longo prazo para que possamos vislumbrar um processo real de transição cultural e não uma solução paliativa, uma sobrevida ao planeta doente.

A cura biológica, social e humana, que se expressa na superação da crise aguda de percepção e consciência, não vai acontecer de uma hora pra outra e será resultado de muito trabalho para lograr unir os esforços em torno do que nos conecta como humanidade, para além das ideologias. O que é comum a todos nós, os outros 99% da população?

Onde encontramos a união em meio a tantas bandeiras?

Possivelmente ela estará em torno das virtudes universais: o que temos de bom, belo, justo e verdadeiro, mesmo que isso não nos exima de conflitos, pois o que é bom pra um talvez não seja para outro.

Entretanto, para além de toda a poluição mental ideológica que nos fragmenta e fragiliza, encontramos a humanidade em cada um(a), independente do rótulo, do papel, do ofício a que nos dedicamos, e encontramos a ligação de cada humano com a natureza inteira.

Este é o foco que nos fará uma força coesa de alcance mundial.

Porém, francamente, temos que reconhecer que não é assim que grande parte da população compreende a realidade.

Aí habita a complexidade e o porquê de pensar em décadas para lograrmos a transição efetiva, pois o contexto cultural reproduz e reforça em grande medida práticas e valores distanciados e até antagônicos a estas virtudes.

Em certo sentido, o governo espelha a sociedade e a corrupção e autoritarismo que combatemos pode ser identificado na trama das relações do povo, nas famílias, nas empresas, nas escolas, etc.

São muitas décadas, séculos, de distorção de valores e informações manipuladas, incutidas culturalmente pelos mais variados veículos.

Como então deixamos de ser uma massa partida de manifestantes movidos por ideologias e permeados pela revolta e nos tornamos um enorme coletivo de ação eficaz?

Como criar arranjos organizacionais que permitam o surgimento e a sinergia de lideranças e agentes comprometidos na alma com o processo de emancipação da sociedade?

Uma extensa caminhada começa com os primeiros passos e nessa perspectiva de longo prazo precisamos agora encontrar uma linguagem que nos una, nos torne uma multidão bem orientada e consciente do enorme poder de fazer acontecer, atuando com sabedoria e estratégia para dissipar qualquer possibilidade de um governo autoritário e repressor.

O movimento Occupy de 2011 talvez tenha sido o que mais nos aproximou dessa possibilidade de expressão integradora contínua em uma estratégia pública, pacífica, com força mobilizadora e assertiva capaz de influenciar a política, a economia e a comunicação, os eixos sobre os quais se assentam as estratégias de controle global.

Associo a dispersão do movimento Occupy à constatação de que a tarefa da transição não se conclui no movimento de ir à rua e protestar, mas precisa, como sugerido, deflagrar um grandioso processo educativo que sustente de fato as mudanças no governo.

Pois, afinal, reflitamos. Como seria um novo governo caso conseguíssemos a emancipação da sociedade hoje? Parece não haver este desenho que garanta a visão plural de um governo efetivamente popular.

E por isso faz-se ingenuidade pensar em qualquer outra forma de transição que não pressuponha uma estratégia educativa de largo alcance nas próximas décadas que capacite as pessoas a viver em comunidade, dialogar com a diversidade e gerar sustentabilidade.

Fica este convite de olhar de frente para o enorme desafio de educar e educar-se, que precisa acontecer para que um novo estado de consciência se eleve e sustente um novo modo de fazer política, economia, comunicação, de produzir mercadoria e conviver.

Irmos à rua e manifestarmos nossa discordância com o atual estado das coisas é uma ação legítima e necessária, faz parte do processo e estejamos motivados a esta tarefa. Mas estejamos cientes que é apenas o início do trabalho.

Escrevo este texto com o firme propósito de contribuir para o fortalecimento das manifestações e que estas não se caracterizem simplesmente por quantidade de gente e volume de barulho, mas principalmente pela qualidade das relações e pela eficácia das atitudes.

Cabe aqui uma reflexão para que não usemos óculos com aros cor-de-rosa, tendo assim uma visão ingênua do processo:

Este 1% da população que determina a dinâmica da sociedade hoje detém muito poder em mãos: armamentos, energia, produção industrial, mídia, controle do dinheiro.

(Todo este poder advém de cada um de nós, no que oferecemos nossa força de trabalho e de consumo reforçados por um estado de inconsciência. Na medida em que despertamos, verificamos que o tamanho desse poder da elite é diretamente proporcional à ignorância da população e isto gera convicção de que os obstáculos não são intransponíveis.)

Lamentavelmente, este 1% não está disposto a partilhar o poder e segue em um fluxo egocêntrico de acumulação de recursos e disputas existenciais pelo domínio do planeta. Ou seja, pode colocar tudo a perder.

Agora, todo o resto da população também pode colocar tudo a perder se seguir alimentando a lógica da violência e se dispor a um movimento bélico de contra-ataque e confrontação.

Seja lá qual for o inimigo que somos levados a criar, o exercício agora é atuar com o coração, não-violentamente, focando nas virtudes e encontrando os links que nos façam cocriar as soluções e atrair a oposição para uma nova configuração sinérgica.

O grande desafio a cada um é acolher a diversidade no coração e não se colocar como detentor de uma suposta verdade. Em um mundo complexo, turbulento e em profusão, as verdades são múltiplas e cada ser carrega consigo um ponto de vista legítimo, por mais que não concordemos com ele.

Olhemos no olho de quem nos olha e ali podemos encontrar os valores que subjazem para além das ideologias, opiniões, filosofias e moralismos. Por trás do deputado, empresário, soldado, estudante, somos todos humanos, criaturas vivas, transeuntes nestes ciclos efêmeros de vida.

Estamos todos acometidos pela mesma doença social e planetária e esta enfermidade só será curada quando encontrarmos o padrão que nos conecta como humanidade e como seres vivos.

Acolhendo as individualidades para apreciar os variados instrumentos que cada um de nós traz para executar a sinfonia, seremos capazes de celebrar as diferenças e trabalharmos juntos no sentido do amor em comunidade, comunidade aqui entendida como a grande teia da vida que compõe nosso corpo cósmico, a Terra.

Que este texto não arrefeça o ímpeto de ação ao expor a complexidade do processo de transição, mas, ao contrário, contribua para que este movimento amplie sua lucidez e faça o que tem que ser feito. Avante!

Rio, 17 de junho de 2013

domingo, 9 de junho de 2013

Apoio do Governo de Minas garante ações de saneamento básico no Sul do Estado


Iniciativa da Secretaria de Desenvolvimento Regional e Política Urbana de Minas Gerais é inédita no país

O secretário de Estado de Desenvolvimento Regional e Política Urbana, Bilac Pinto, apresentou nesta quinta-feira (6), durante a abertura do Seminário de Capacitação em Formulação da Política e Planos Municipais de Saneamento Básico, realizado em Pouso Alegre, as ações do Governo de Minas para que os municípios se adequem o mais rápido possível a legislação que rege o saneamento básico no país.

O evento, que reuniu representantes de 120 prefeituras do sul de Minas, tem o objetivo de preparar os gestores municipais do Estado que trabalham na área sanitária a desenvolverem sua política e seus planos de saneamento básico, ferramentas estas capazes de estabelecer os objetivos e metas para a universalização dos serviços de saneamento básico nas cidades, além de definir os programas, projetos e ações necessárias para que o atendimento a população melhore.

De acordo com a lei federal 11.445/2007, a chamada Lei do Saneamento Básico, os Planos municipais de saneamento básico e a política de saneamento básico são pré-requisito para que a cidade consiga a liberação de recursos do Estado e da União, que serão alocados em ações como abastecimento de água, esgotamento sanitário, limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos. A legislação também exige que estas ferramentas de planejamento sejam concluídas até o final de 2013.

A chegada do fim do prazo e a pequena quantidade de municípios mineiros que tinham concluído seus planos – até junho de 2012 apenas nove cidades tinham esta ferramenta –gerou uma preocupação ao Estado, que, através da Sedru, iniciou em agosto do último ano um trabalho pioneiro no país de apoio técnico, no qual são realizados encontros regionais, onde são apresentados a metodologia e o processo de elaboração deste trabalho de planejamento.

De acordo com Bilac Pinto, “a equipe da Sedru não mede esforços para que todas as 853 cidades mineiras sejam capacitadas a tempo de elaborarem seus planos” até o fim do prazo. “O Governo de Minas, observando as dificuldades enfrentadas pelas prefeituras do Estado no desenvolvimento dos planos, decidiu, numa atitude inédita no Brasil, elaborar um curso que capacite os técnicos das prefeituras orientando sobre todos os passos para a realização do Plano. A nossa ideia é que até agosto tenhamos capacitados todas as cidades de Minas e cheguemos até o fim do ano com muitas prefeituras com essa ferramenta em mãos”, disse.

Encontro no Sul de Minas

A capacitação realizada em Pouso Alegre para preparar os municípios do sul de Minas é o sexto encontro promovido pela Secretaria de Estado de Desenvolvimento Regional. Já foram capacitados gestores municipais do Norte e Noroeste do Estado, do Vale do Mucuri, Campo das Vertentes, Vale do Rio Doce, Vale do Aço e Região Metropolitana de Belo Horizonte. Ao todo, contando com as cidades do Sul de Minas, mais de 350 cidades fizeram este curso. A próxima capacitação promovida pela Sedru será realizada no dia 27 de junho na cidade de Passos e vai ser destinado para todas as cidades do sudoeste de Minas.   

Saneamento

De acordo com a Pesquisa Nacional de Amostra de Domicílio (Pnad), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE) em 2011, dos 767,9 mil domicílios do Sul e Sudoeste de Minas, 629,9 mil ou 91,1% têm abastecimento regular de água canalizada e 89,9 mil possuem poço ou nascente. Além disso, 694,6 mil (90,4%) são beneficiados com a coleta de lixo realizada por serviço de limpeza e 73,3 mil (9,6%) têm outros tipos de coleta.

O estudo também indicou que as redes coletoras de esgoto na região atingem mais de 612,3 mil moradias ou 79,7% do total pesquisado. Outros 28,1 mil ou 3,6% ainda usam fossa séptica não ligada à rede e 126 mil (16,4%) têm fossa rudimentar.

Fonte: Agência Minas - Crédito Foto: Rafael Rebuiti / Sedru-MG

sexta-feira, 7 de junho de 2013

Dia Mundial do Meio Ambiente 2013 reforça campanha contra o desperdício de alimentos



por www.pnuma.org.br

Celebrado em 5 de junho, o Dia Mundial do Meio Ambiente é comemorado em todo o mundo para incentivar ações positivas para o meio ambiente.

Dia Mundial do Meio Ambiente começou a ser celebrado em 1972, no dia da abertura da Conferência de Estocolmo, e se tornou um dos principais veículos das Nações Unidas para estimular a consciência global sobre meio ambiente e encorajar iniciativas. Por meio da comemoração, o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) pode sensibilizar as pessoas sobre os problemas do meio ambiente e fazer com que todos percebam a sua responsabilidade e também seu potencial em se tornar agentes pelo desenvolvimento sustentável e igualitário.

As iniciativas de qualquer perfil são importantes para favorecer a sustentabilidade, e o PNUMA convida todos a se juntar a esta celebração. Organize a limpeza comunitária de um espaço público, reduza o uso de sacolas plásticas, combata o desperdício de alimentos, procure formas alternativas de transporte… Tudo isso conta!

E a sua ação pode fazer parte do esforço global do PNUMA para o Dia Mundial do Meio Ambiente. Saiba como registrá-la aqui: www.unep.org/wed/activities/register/

Sem ideias? Acesse o guia rápido para celebrar o Dia Mundial do Meio Ambiente e busque inspiração:www.unep.org/wed/WEDpack

Pensar.Comer.Conservar

Este ano, o Dia Mundial do Meio Ambiente reforça o tema da campanha Pensar.Comer.Conservar – Diga Não ao Desperdício, que visa diminuir a enorme quantidade de alimentos próprios para o consumo que é desperdiçada por consumidores e comerciantes. A Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), parceira do PNUMA na campanha, informa que 1,3 bilhão de toneladas de comida são jogadas fora por ano. Isso é equivalente ao produzido na África Subsaariana no mesmo período. Uma em cada sete pessoas no mundo passa fome, e mais de 20 mil crianças com menos de 5 anos morrem todos os dias por conta de desnutrição.

Dado esse enorme desequilíbrio e seus efeitos devastantes no meio ambiente, Pensar.Comer.Conservar incentiva as pessoas a pensar no impacto ambiental das suas escolhas relativas à alimentação. Enquanto o planeta luta para garantir recursos para sustentar uma população de 7 bilhões de pessoas – que deve chegar a 9 bilhões até 2050 – a FAO estima que um terço da produção de comida é perdida. O desperdício de alimentos é um enorme consumidor de recursos naturais e um contribuinte para impactos negativos no meio ambiente.

Se a comida não é consumida, isso significa que todos os recursos usados na sua produção também são perdidos. Por exemplo, são necessários mil litros de água para produzir um litro de leite, e cada hambúrguer consome 16 mil litros de água por meio de ração para o gado. E gases estufas são emitidos ao longo em toda a cadeia de produção.

A produção global de alimentos ocupa 25% das terras habitáveis e é responsável por 70% do consumo de água potável, 80% do desmatamento e 30% das emissões de gases estufas.

A campanha deste ano para o Dia Mundial do Meio Ambiente convida você a agir na sua comunidade e perceber o poder das decisões coletivas para reduzir o desperdício, economizar recursos, minimizar o impacto ambiental e forçar mudanças nos processos de produção de alimentos para torná-los mais eficientes.

Então Pense antes de Comer e ajude a Conservar o meio ambiente!
                  
         Mongólia, país-sede das celebrações em 2013


A Mongólia, que está priorizando a transição para uma Economia Verde nos principais setores da sua economia e promovendo a conscientização ambiental dos seus jovens, irásediar as celebrações do Dia Mundial do Meio Ambiente em 2013. O anúncio foi feito na última sessão do Conselho de Administração do PNUMA, em fevereiro. Tsakhia Elbegdorj, atual presidente do país, foi um dos seis eleitos como Campeões da Terra do PNUMA em 2012.

“A Mongólia está enfrentando um desafio imenso, incluindo uma pressão crescente sobre sua segurança alimentar, o estilo de vida nômade de alguns dos seus povos e as reservas hídricas por conta das mudanças climáticas”, afirmou o Subsecretário Geral da ONU e Direto Executivo do PNUMA, Achim Steiner, no anúncio.

“A temperatura média no país subiu 2ºC nos últimos 70 anos e as chuvas diminuíram bruscamente em algumas regiões. Ainda assim o governo se mostra determinado em enfrentar essas adversidades e aproveitar as oportunidades para criar um futuro mais sustentável. Tenho certeza que, ao receber a celebração do Dia Mundial do Meio Ambiente, a Mongólia vai mostrar ao mundo que a transição para uma Economia Verde é possível, mesmo para os setores mais desafiadores da sua indústria, quando liderança, visão, políticas eficientes e vontade política são traduzidas para a ação”, completa Steiner.

As mudanças na Mongólia já estão se tornando realidade. O país aprovou uma lei contra a poluição atmosférica impulsionado pelo crescimento populacional e o uso de carvão na capital, Ulaanbaatar. Desde 2010, a Mongólia suspendeu todos os pedidos de criação de minas até que uma legislação atualizada seja estabelecida, com o argumento de proteger o ambiente mineral e o meio de subsistências de povos tradicionais. Iniciativas de conscientização sobre conservação ambiental se tornaram mais comuns. Dias nacionais para plantar mudas e combater a desertificação e a escassez de água fizeram com que mais de 2 milhões de árvores fosse plantadas nas regiões desérticas desde 2011. O país também tem um grande potencial em captação de energia solar, em especial na região de Gobi.

“Nosso governo mostrou seu comprometimento com ações ambientais por meio de ações concretas. Espero que a nossa liderança e a organização deste importante evento possa mostrar ao mundo que a mudança é possível”, declarou o Vice Ministro do Meio Ambiente e do Desenvolvimento Verde da Mongólia, Tulga Buya.

Para saber mais

Site global do Dia Mundial do Meio Ambiente:www.unep.org/portuguese/wed

Site da campanha Pensar.Comer.Conservar:www.thinkeatsave.org